18 julho 2013

Crônica à Solidão

Às vezes olhamos pela janela e não vemos luz alguma, pois a chuva é tão intensa que cega-nos da luz do sol. Ou deixa-nos vendados sob os olhos, para que não vejamos luz alguma, mesmo no fim do túnel. Há quem goste do frio e da chuva, eu sou um rapaz que adora isso. Por outro lado, às vezes sinto-me extremamente só mesmo em dias chuvosos, os quais gosto de sentar, ouvir uma música e escrever. Sinto-me só, hoje compreendo, pois há horrores em meu passado que jamais irão cicatrizar. Sempre fui tímido demais, e isto distanciou-me das pessoas. Quando fui arriscar um primeiro beijo, ganhei um tapa-na-cara. Quando quis sair para passear com os meus amigos, via-os rindo todos juntos, sem se importar se eu estava bem ou não. Quando os períodos de escola acabaram, cada um foi para um canto e combinaram de se reencontrarem novamente. Almoço na casa do fulano tal, jantar na chácara do ciclano tal. Sempre esperei convite, mas nunca vi suas cores. Pelo menos até entrar na universidade, estive sozinho. Quiçá um ou dois amigos mais importantes, muitos colegas de aula mas pouquíssimos amigos. Há diferenças entre colegas e amigos, e sentir a dor de ter muitos de um e nenhum de outro é castigo que ninguém merece receber. As pessoas me questionam. Rodrigo, tu não vais pegar aquela menina?, Rodrigo, tu não vais sair conosco e encher a cara?, Rodrigo, para quê escrever tanto, deixa de lado o papel e vem pra festa!. Elas não compreendem minha dor, no entanto, meu passado funesto. Sempre estive sozinho, por isso meu amor e respeito para o sexo oposto, o qual sempre me interessei instintivamente, foi moldado em torno de um grande recipiente de respeito e admiração. Mulher não se pega como um jarro d'água, mas sim se conquista com tempo, carinho e compreensão. Não gosto de encher a cara, só bebo em festas. Afinal, uma felicidade passageira não apagará a melancolia de meu passado. Quanto a largar os textos, seria o mesmo que cometer suicídio. Tendo quando mais jovem pensado nesta sugestão como uma saída para o inferno solitário em que vivia, optei pelas letras como um escape daquele horror. Sem elas, sinto que não serei nada. A vida felizmente é curta demais para ser tratada como um jogo de cartas, um pôker ou uma trinca de sete. Pergunto-me qual o sentido de pensar e pensar antes de cada movimento quando podemos simplesmente ir adiante e ser felizes, cada qual com seu jeito único de agir, cada qual seguindo suas crenças e desejos e sorrindo, encarando um futuro desconhecido de braços abertos.

Texto do Rodrigo Rossi do blog Vivendo um Romance.

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